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A importância da prevenção da RAIVA

Por: Ione Bettencourt


A infecção pelo vírus da Raiva pode ser prevenida na íntegra com tratamento e profilaxia médica adequada, mesmo assim, estima-se que uma pessoa morra de Raiva a cada 10 minutos em todo o mundo. 


As crianças são a faixa etária mais afectada, uma vez desenvolvidos os sintomas no indivíduo dificilmente se consegue reverter o quadro clínico e o final é invariavelmente fatal. 


A consciência da partilha de informação e a sensibilização da população torna-se um dever incontornável para um Médico-Veterinário que exerce num país endémico de Raiva. 

 

O que é? 


A Raiva é causada por um vírus que afeta o sistema nervoso do seu hospedeiro, todas as espécies de mamíferos podem ser afectadas, em particular os carnívoros. 

Em fases mais avançadas da evolução da doença o vírus migra do tecido cerebral para as glândulas salivares, sendo a saliva um dos principais veículos de infecção. O seu período de incubação varia entre 2 semanas a 24 semanas

Os nossos animais de estimação são a principal fonte de contágio para os Humanos, pelo que a prevenção da disseminação desta doença começa por proteger os nossos companheiros de quatro patas contra este vírus mortal. 


Como é feita a transmissão? 


É transmitido só e exclusivamente pelo contacto com a saliva ou órgãos/tecidos do sistema nervoso de animais afectados directamente em feridas abertas ou em mucosas

A manipulação directa, o contacto com sangue, urina, fezes ou outras secreções não incorre em risco de contaminação se a pele estiver intacta. 

Curiosamente, as condições ambientais têm uma grande influência na potencialidade de contágio deste vírus pois perde a sua capacidade infeciosa em ambientes secos ou se em contacto com a luz solar. 


Como posso identificar um animal com Raiva? 


O diagnóstico definitivo de Raiva é através da análise do tecido cerebral do animal suspeito, tal só é infelizmente possível post-mortem

Devemos basear o diagnóstico presuntivo na história pregressa do animal, no seu estatuto vacinal pré-exposição ao vírus e no aparecimento de sintomas no período de quarentena. Esta quarentena pode variar entre um período mínimo de 10 dias até 45 dias, dependendo de factores como a idade do animal suspeito, do grau de profundidade da lesão ou a distância do local de inoculação do vírus até à medula ou cérebro do animal infectado. 

A infeção pelo vírus da Raiva pode manifestar-se de forma variada e atípica, nem sempre fácil de identificar pois nem todos os animais desenvolvem o mesmo padrão de sinais clínicos. Apresenta-se sob duas formas: “Furiosa” ou “Paralítica”

Alterações comportamentais são, por norma, as menos complexas de identificar: animais tornam-se estranhamente dóceis e/ou apáticos quando em circunstâncias normais não o fariam ou atipicamente ansiosos e agressivos até para com objectos inanimados. 

Podem tornar-se mais sensíveis a estímulos luminosos ou auditivos, sensíveis à água (hidrofobia), manifestar alterações de coordenação motora e vocalização ou apresentar sintomas como hipersalivação, pupilas permanentemente dilatadas e lambedura do local de inoculação do vírus. 


O que fazer em caso de acidente de mordedura? 


Todas as lesões por mordedura devem ser imediata e abundantemente lavadas para que se previnam infecções bacterianas e a disseminação do vírus nos tecidos. 

Água e sabão e/ou soluções desinfectantes com propriedades bactericidas e antivirais são os produtos mais indicados para limpeza e desinfecção das feridas, como é o caso do ®Betadine (solução à base de iodopovidona). 

A limpeza e desinfecção da ferida pode fazer toda a diferença, especialmente em casos de suspeita de Raiva. Pretende-se reduzir ao máximo o grau de conspurcação e evitar que o vírus atinja as terminações nervosas presentes no local da lesão. 

 O protocolo de abordagem ao paciente em casos de suspeita de infecção pelo vírus da Raiva varia consoante o estado de imunização da pessoa ou animal em risco, ou seja, se foi previamente imunizado ou não. Deve contactar sempre o seu Médico e Médico-Veterinário, se for o caso, para que se possa aconselhar sobre o procedimento adequado. 


O meu cão foi mordido por um animal suspeito de Raiva. Como devo proceder? 


É importante esclarecer que, num país endémico, qualquer animal desconhecido sobre o qual não saibamos o seu histórico sanitário deve ser considerado suspeito de Raiva. 

1. Calce luvas, proteja-se e cubra o animal com uma manta ou toalha pois se o seu animal lutou com um outro suspeito de Raiva poderá ter vestígios de saliva no pêlo; 

 2. Minimize o número que pessoas que manipulam o animal em risco; 

 3. Leve-o imediatamente ao Médico-Veterinário para que seja avaliado por um profissional e tomadas as medidas profiláticas pós-exposição e de quarentena necessárias; 

4. Denuncie a presença de um animal suspeito às autoridades competentes, não tente agir por conta própria; 


Como podemos ajudar na prevenção? 


1. Vacine o seu animal de estimação – a probabilidade de infeção pelo vírus a Raiva é muito reduzida se o seu animal estiver correta e regularmente vacinado. 

2. Vigie os seus animais quando estão no exterior – os mamíferos silvestres são a principal fonte de contágio do vírus para os nossos animais e para os seres Humanos com quem partilham o habitat. 

 3. Evite a visita de animais indesejados colocando barreiras físicas no seu território – tanto em espaços urbanos como rurais, não deve incentivar o contacto ou a alimentação de animais de rua ou silvestres. 

 4. Participe nas campanhas de controlo populacional - os animais de rua não têm, por norma, acesso a cuidados básicos Médico-Veterinários como vacinação e desparasitação. Não são supervisionados quando deambulam pelas ruas e são um dos principais focos de contágio para os nossos animais de companhia; 

5. Esterilize os seus animais de estimação - não os deixe reproduzir de forma descontrolada. Desta forma, está a contribuir para a redução do número de animais indesejados, possíveis animais errantes que não terão acesso a cuidados médico-veterinários básicos. 



Referências: 

Greene, C.; “Infectious Diseases of the dog and cat”; edition 3; 2006; Saunders Elsevier Inc. http://www.cdc.gov/rabies/index.html http://www.vetmed.wsu.edu/ClientED/rabies.aspx http://www.nhslanarkshire.org.uk/Services/InfectionControl/Documents/Control-of-Infection-Manual/Sect-X.pdf http://www.ncagr.gov/vet/FactSheets/Rabies.htm


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