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Animais abandonados - qual a melhor solução?

Por: Cris Lima


Todos os dias muitos animais são abandonados em Portugal, principalmente cães e gatos. As pessoas abandonam seus animais de estimação por diversas razões, mas de modo geral o abandono é fruto da falta de compromisso dos proprietários para com seus animais, graças à abundante oferta de cães e gatos e da facilidade da sua adopção, muitas vezes irrefletida e até mesmo involuntária. 

Estes animais podem ter os seguintes destinos: os serviços municipais, associações e abrigos de animais, serem recolhidos por particulares ou a infeliz morte na via pública - vítimas de atropelamentos, fome, envenenamento, doença ou frio - com muito sofrimento para o animal e colocando também em risco a saúde pública. 
Dados da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) mostram que, no ano passado (2014), chegaram aos canis e gatis das câmaras municipais quase 32 mil animais. Este número é sugestivo do número de abandonos, mas acima de tudo reflete que a sobrepopulação de cães e gatos é evidente. 
O controlo do excedente populacional, apesar de ser a política adoptada pela maioria dos municípios, é pouco eficaz, principalmente por uma razão: em apenas 6 anos, uma cadela pode gerar 73.000 cachorros e uma gata 240.000 gatinhos. Simplesmente recolher os animais e mantê-los em abrigos ou encaminhá-los para adopção também não se têm mostrado eficaz na redução da superpopulação e do abandono, apesar de ser, de um modo geral, a forma de atuação da maioria das associações. 
A taxa média de adopção nos serviços municipais em Portugal ronda os 20%. Ainda assim, o futuro destes animais é incerto: vejamos por exemplo que nos EUA 70% dos animais adoptados são depois devolvidos ou entregues ao canil municipal ou pior abandonados, sendo que esta taxa é maior quanto mais novo for o animal. No Brasil outra fonte refere que o tempo médio de retenção dos animais adoptados é de apenas 14 meses. Pertinente ainda é a questão de que a adopção de animais que irão reproduzir e contribuir para o aumento de animais abandonados é, na verdade, contraproducente. Por isso adoções responsáveis, de animais previamente esterilizados e identificados com microchip, são fundamentais para que não se esteja a contribuir mais para o problema do que para a solução. 
Para reduzir a sobrepopulação de cães e gatos a medida mais eficaz e humanitária é a realização de programas de contracepção. Estes programas, que se traduzem principalmente por campanhas de esterilização, já foram amplamente introduzidos em outros países com grande sucesso. No entanto deu os primeiros passos em 2003 com um decreto-lei onde são estabelecidas as responsabilidade das autarquias pela implementação do controlo reprodutivo de animais. 
Isso reflete-se numa taxa reduzida de 5% de cães esterilizados, segundo um estudo levado a cabo na zona do Porto em 2008. A mesma pesquisa que também evidenciou que quase metade dos proprietários desconhecia as vantagens e desvantagens da esterilização. 
Assim sendo, torna-se urgente a criação de programas de esterilização de cães e gatos, acessíveis, que também envolvam a educação e sensibilização dos proprietários a cerca da importância da esterilização precoce e da guarda responsável. 
Animais esterilizados têm maior qualidade de vida e ligação aos seus proprietários – estes perfazem menos de 10% do total de animais que dão entrada nos canis dos EUA. Tais ações são igualmente beneficiadoras do bem-estar das pessoas, já que a saúde animal é um dos pilares da saúde única, com reflexo direto na saúde ambiental, saúde pública e preservação da qualidade de vida das pessoas, do meio ambiente e dos animais. 
Programas desta ordem também refletem-se positivamente na classe Médico Veterinária, e não apenas como alicerce técnico na saúde pública. Um menor número de animais implica o aumento do seu valor intrínseco, o que resulta num maior zelo e valorização dos proprietários para com seus animais. 
Por fim, sem o excesso populacional, milhares de cães e gatos deixariam de ser abatidos apenas por serem considerados “excedentes desnecessários”, o que além de poupar uma quantidade considerável de dinheiro público todos os anos, reduziria drasticamente os casos de abandono, negligência e maus tratos a animais. 
Para saber mais sobre a autora e a associação ARPA - um projeto virado para esta problemática, consulte o link:http://www.arpa-associacao.pt

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